(S02E07) D-Girl ["Deus está morto", "a vida é um absurdo" - Uma Análise Psicológica e Filosófica em The Sopranos]




Dr Melphi: “Quando Algumas pessoas, ao perceberem que são as únicas responsáveis por suas próprias decisões, ações e crenças e que a morte é o final de qualquer caminho...elas podem ser dominadas por um temor intenso. Uma raiva depressiva e dolorosa, que as leva a concluir... que a única verdade absoluta é a morte."


"D-Girl" é o 20º episódio da série original da HBO The Sopranos e o sétimo da segunda temporada. Foi escrito por Todd A. Kessler e dirigido por Allen Coulter, e originalmente foi ao ar em 27 de fevereiro de 2000.

Esse é um dos principais episódios da série. Não dá para compreender a complexidade que é The Sopranos sem compreender bem D-Girl. São abordados o tema da morte e o sentido da vida (por AJ), a questão da amizade e lealdade (Pussy), as limitações da personalidade dos mafiosos (com Chris em NY) e muito mais.



Referência do título
 O título do episódio é um título abreviado de "garota do desenvolvimento", usado principalmente na indústria cinematográfica e televisiva.


A série vinha lidando com questões existenciais sobre o significado da vida e o absurdo da morte indiretamente desde o início, mas aqui as coisas ficam claras e esses temas são abordados de forma direta (pela Filosofia do Existencialismo).





Christopher 

No piloto, Chris mencionou que a namorada de seu primo, que trabalha na indústria de cinema, disse que os filmes da máfia são sempre "quentes" (bem aceitos). Quando ele conhece Amy Safir ela repete essa indicação e, felizmente para Chris, Adriana salvou uma cópia do roteiro que ele havia jogado fora.

Chris se vê envolvido no mundo do cinema. Sua contribuição em um set de filmagem é boa: “'Pucchiacca'. Ele dá a Jon e Amy uma turnê por Jersey, e eles dão notas para ele em seu roteiro. Sua vida antiga está perdendo muito do seu apelo. Ele sai furioso de um jantar com Adriana e os Sopranos, cansados ​​de sua preocupação com a comida. Ele está confiante de que pode entrar em uma nova e brilhante vida sem os aborrecimentos que Adriana e seu chefe o impõem, especialmente depois que ele e Amy passam horas apaixonadas juntos. Mas isso não poderia durar muito... As diferenças entre eles são vastas. Quando as limitações de Christopher, tanto como roteirista quanto como pessoa, tornam-se mais claras, Amy lhe dá um fora.

Os sentimentos de Amy por ele (inicialmente de encantamento e depois de descarte) são espelhados na encenação de suas primeiras e últimas cenas juntos. Em sua primeira cena do episódio, Amy olha para Chris com o coração nos olhos enquanto ele foi "botar ordem na casa" na mesa ao lado. Em sua cena final do episódio, ela olha para ele sem nenhum encantamento, com desprezo:



O status de Christopher pode ter intrigado Amy no início, mas uma vez que seu desejo físico foi satisfeito, ele perde muito do seu fascínio. Jon Favreau também começa fascinado por Chris, mas seu apelo é diminuído depois que eles também têm um tipo de encontro físico: depois de cheirar uma linha de cocaína, Chris deixa que sua aspereza (e sua crítica ao cinema) fique um pouco fora de controle:

Ob: Perceba que Jon Favreau certificou-se de tirar todas as impressões digitais da arma de Christopher.

Chris está fora de seu habitat com esses tipos de Hollywood. Ele também está fora do lugar geograficamente - a maioria de suas cenas neste episódio acontecem em Nova York. Ele não está em Nova Jersey, mas no estado mais proeminente a leste: Amy diz que ela se sentou em frente a Alphonse D. 'Amato (ex-senador de Nova York) em uma festa; Amy e Jon estão hospedados no Soho Grand, um hotel cujo nome proclama a grandeza da cidade de Nova York; e até mesmo os funcionários do hotel tratam Chris com um ar de superioridade. Em sua cena final, tendo perdido o interesse em Chris, Amy reverte sua posição anterior - os filmes de máfia nem sempre são  quentes (ela justifica isso citando o fracasso de "Mickey Blue Eyes" estrelado por Vincent Pastore/Pussy e cinco outros membros do elenco Sopranos , que havia sido lançado no ano anterior).

Chris é apenas um “magricela”, ele está fora de si e sabe disso. No final do episódio, quando Tony dá a ele uma escolha entre a máfia e "seja lá o que for que está chamando você lá fora", Chris, sem surpresa, escolhe ficar com a máfia.

Ob: No set de filmagens, enquanto as atrizes brandem suas armas umas contra as outras, Amy Safir diz: “Os silenciadores ressaltam seu lugar sem voz na sociedade”. Talvez Chase esteja dano a dica de que muita coisa em Sopranos tem um significado maior do que parece, que devemos descobrir como uma coisa "ressalta" outra coisa.



A.J.



Assim que a diretora chama “Action!”, no set de filmagem, Chase corta para uma cena quieta no carro de Tony. A “ação” em The Sopranos nunca foi focada em tiroteios, lutas, ou coisa do tipo (apesar de a série ter tudo isso). A "ação" principal da série é encontrada principalmente nas relações entre os personagens, como neste momento entre pai e filho. 



As declarações de AJ de que "Deus está morto" e "a vida é um absurdo"  podem ser vistas como resultado do que vimos nos episódios anteriores, assim, os problemas familiares resultaram no seu mau comportamento (ter pego o carro de sua mãe escondido, suas notas baixas).


Veja o diálogo:

Carmela: Você roubou meu carro! Não existe mais confiança aqui?
AJ: Vou ser crismado e virar homem. Por que não posso dirigir?
Tony: Quer falar disso?... Cadê o homem que tivemos de buscar no acampamento por molhar a cama?
AJ: Isso foi no ano retrasado! [ao tentar esfregar na cara do filho essa lembrança apenas para ganhar o argumento, Tony não enxerga como isso pode ser prejudicial ao filho, uma humilhação dessas]
Carmela: Você podia ter matado as meninas!
AJ: lsso teria sido interessante. [provavelmente AJ disse isto como uma resposta a humilhação de Tony, ele sabia que seus pais não iriam gostar; o que vem pela frente é mais disso, AJ "agredindo" seus pais como resposta ao modo como eles vêm se comportando, o agredindo]
Carmela: O quê? O que você disse?
AJ: A morte só comprova o absurdo máximo que é a vida.
Tony: O que é isso? Quer que eu perca a paciência? Estou prestes a te jogar pela janela! [esse foi o comportamento que AJ tem visto em seu pai em episódios anteriores e que favoreceram seus sentimentos niilistas]
AJ: Viu? Estou me referindo a isso. A vida é absurda.
Carmela:  Não diga isso! Que Deus te perdoe!
AJ: Deus não existe.
Carmela: De onde tirou tudo isso? Estão te ensinando essa porcaria na escola? 

Mais abaixo lembraremos dos episódios anteriores, veremos que AJ tem presenciado muitas coisas "sem sentido" e "absurdas" em sua família.


Vivemos em dúvidas e incertezas, no "absurdo", enquanto o universo permanece silencioso para nossos questionamentos. A religião tenta fornecer algumas respostas, mas elas geralmente parecem ridículas:

AJ : Por que nascemos?
Carmela : Nascemos por causa de Adão e Eva, é por isso!


A conclusão de Carmela é risível, não explica nada. O filho de Pussy, Matt, fornece uma resposta mais cuidadosa, dando a AJ uma espécie de visão geral do Existencialismo. Mas AJ não tem essa profundidade intelectual (provavelmente ele deve ter decorado as frases de efeito que acabara de ler e de que gostou). Então ele é mandado para sua avó com suas preocupações. Grande erro! Lívia está cheia de maus conselhos, dizendo, primeiro, ao seu neto que é perigoso usar cintos de seguranças  (porque o carro pode pegar fogo e você não conseguir se soltar). Em seguida, quando AJ pergunta qual é o propósito da vida, não devemos supor que a resposta dela seja a de Chase, mas apenas algo tão elevado e sábio como o conselho de não usar cinto de segurança(!). Ela responde uma filosofia perturbadora:

   "Por que tudo tem que ter um propósito? O mundo é uma selva. E se você quer meu conselho, Anthony, não espere a felicidade, você não vai conseguir. As pessoas te decepcionam ... No final, você morre em seus próprios braços ... É tudo um grande nada. O que te faz pensar que você é tão especial? "






Pussy
 

Muitos espectadores acreditavam que os Sopranos, no todo, eram uma expressão dessa visão pessimista de Lívia. Em certo sentido, eles parecem estar certos. As histórias ficaram mais sombrias à medida que a série avançava. Personagens principais foram mortos ou ficaram presos em ciclos de desespero e vícios. O final em corte preto da série parecia ser a confirmação final da inevitabilidade da morte e da falta de qualquer significado na vida. Mas Chase, ao longo de sua série, apresenta alternativas para essa visão de mundo sombria. Neste episódio, por exemplo, a interação de Pussy com AJ serve para contrariar o discurso sombrio de Livia com seu neto.

AJ é pego fumando maconha após sua confirmação, então seu padrinho Pussy vai dar uma lição de moral nele. Pussy conta a história de como Tony sempre vinha ao hospital para visitar sua irmã doente antes de morrer. 

                                       OB: Fazendo um parêntese e voltando a AJ, veja a resposta dele diante da história contada por Pussy: "Sabe o que mais me irrita no meu pai? Que ele fez um monte de coisas boas, naquela época...Antes de ser meu pai. Mas agora ele é um idiota". Isso corrobora o que foi dito anteriormente, isto é, que o mau comportamento de AJ foi catalisado pelo comportamento de seus pais, sobretudo de Tony. Ele perdeu a admiração por seu pai, não o respeita mais.


A história contada por Pussy evoca um forte sentimento de amizade e empatia... de "conexão humana". Seu conselho para AJ é um baluarte contra o "Grande Nada": “Agora desça e aproveite sua festa. Faça seus pais felizes. Você tem saúde e sua família. Aproveite enquanto pode, enquanto você tem tudo na sua mão". Lívia desvalorizou os relacionamentos, e assim suas conexões com as pessoas e o mundo continuamente se desgastaram. Ela disse a AJ que você “morre em seus próprios braços”. Pussy, em contraste, encerra a conversa colocando os braços em volta de AJ, uma confirmação física de que a conexão humana não só é de fato possível, como responde a todos os questionamentos e perturbações que AJ vinha sofrendo.




                                        OB: Novamente voltando a ter AJ como foco de análise - A falta de amor é a causa de sua rebeldia e sofrimento. Ele está muito descontente com seus pais, está com raiva. O amor que ele necessita pode ser entendido como estar em um lar que forneça a estabilidade que uma criança precisa - mental, emocional, afetiva -, o EXEMPLO dos pais. O mesmo pai que diz para o filho que o certo é ser obediente e bem comportado, às vezes surta de raiva e arranca telefones da parede (2x05), fora a contradição maior pelo fato de seu pai ser da máfia e querer dar boas lições... A vida mafiosa de Tony, curiosamente apareceu antes da crise de rebeldia de AJ. Ela se deu através do apostador perdedor, pai do colega de classe de Meadow, que ficou endividado com Tony e lhe entregou o carro do filho como parte do pagamento. Na discussão, no fim de 2x06, Tony, grita: "Tudo nessa família vem do meu trabalho. Um homem adulto fez uma aposta e perdeu!...Pegue sua alta moral e vá dormir na rodoviária!". Na conversa sobre a crise de AJ com Melphi, ela irá questionar Tony sobre sua família, sem saber do ocorrido acima, pergunta como ele acha que seu filho vê o fato de seu pai ter cortado relações com sua avó (Lívia)...se isso já pode abalar uma criança...imagine o que Tony disse a Meadow... E os Sopranos foram a um velório, em 2x06 (pai do marido de Barbara, outra irmã de Tony, além de Janice), um desconhecido para AJ, mas o fato também pode ter favorecido os questionamentos de AJ sobre a morte e o significado da vida.


As palavras de Pussy são indiscutivelmente algumas das mais importantes da série, incorporando uma filosofia de conectividade (não esqueçamos que esse é o único episódio em que Filosofia, como ciência em si, foi abordada diretamente). Mas Chase "dificulta" a compreensão disso para o espectador, escondendo-o na cena pela dificuldade do agente do FBI em ouvir o grampo que está em Pussy (ouvimos chiados e interferências). CURIOSAMENTE, o áudio fica pior justamente quando Pussy diz "Aproveite enquanto pode, enquanto você tem tudo na sua mão". Esse tipo de estratégia ocorre repetidas vezes nesta série, talvez Chase tenha feito isso para imitar a vida, questão de verossimilhança: as lições mais importantes da vida raramente são claramente percebidas e entendidas - por que deveria ser diferente em The Sopranos?




Quando Pussy dá seu discurso reconfortante para AJ, ele enaltece Tony como sendo um sujeito "pau para toda obra", que apesar de tudo, sempre está ali de pé  ("stand-up guy"), alguém com que você pode sempre contar. Isso é muito importante para os mafiosos - ser um cara assim significa que você defende certos valores, que vive por um código. Pussy e Chris encontram-se em uma encruzilhada no final deste episódio, e a encenação de suas cenas finais ressalta como cada um é (ou não) um "stand-up guy". Tony quer que Pussy fique literalmente de pé com ele na foto da família, mas Pussy senta no banheiro, soluçando porque tem pouca escolha a não ser trair seu amigo:



A cena final de Chris do episódio é um inverso da cena final de Pussy. Ele senta na varanda, refletindo qual deve ser sua decisão. Ele finalmente se levanta e retorna para Tony, para sua vida de mafioso:




Conexões

Chase explora o meio da televisão para alcançar um alto nível de conectividade. Como o The Sopranos tem cerca de 86 horas de duração e está distribuído ao longo de 8 anos, há ampla oportunidade para que conexões sejam feitas. Todas as séries de televisão são compostas de imagens em movimento, música, diálogo, locações, arquitetura e figurinos, mas nem todas as séries exploram esses elementos como The Sopranos faz para fazer conexões. Algumas conexões podem ser pouco mais que um tecido fino, quase imperceptível e sem grande significado. Por exemplo, neste episódio, vemos Janeane Garafolo vestindo uma camiseta "Churchills", que se conecta à camisa Churchills que Meadow usava em 2x03 e a Churchill, o cachorro que apareceu em de 2x04:


Às vezes as conexões são mais visíveis e significativas. A "garota do desenvolvimento" deste episódio, Amy Safir, foi mencionada pela primeira vez no piloto (embora não pelo nome). Esse episódio também alcança certos futuros episódios em que Christopher persegue seus sonhos de cinema (irá produzir um filme). Também pode chegar ao final da série, quando AJ assume um trabalho na produtora de filmes de Little Carmine.  A estrutura da série em si, entrelaçado com esses laços e conexões, pode ser vista como um contra-argumento à filosofia de desintegração de Lívia.

Se olharmos para trás, agora, para o personagem de Isabella que apareceu na 1ª temporada, podemos entender melhor como ela funcionou como um contrapeso para Lívia. Enquanto Livia planeja matar seu filho em “Isabella” (1x10), Tony sonha/alucina uma mulher encantadora e carinhosa que encarna todas as características maternas que sua mãe não possui. Isabella, podemos lembrar, diz que ela é uma estudante de odontologia “interessada em tumores da gengiva e dos tecidos moles da boca”. Isabella está estudando como curar e reparar tecidos - assim como Chase constrói “tecido conectivo” - enquanto Lívia sempre acaba cortando e destruindo todas as conexões e tecidos conectivos em sua vida.




Meadow tem uma pequena cena neste episódio que se encaixa perfeitamente no contexto exposto da conectividade. Tony e Carmela ficam chocados quando AJ questiona a razão de nosso nascimento e a existência de Deus. Tony se pergunta que tipo de currículo escolar poderia levar a tais questões. Carmela quer culpar o novo professor de inglês. Meadow entra na cozinha e tenta esclarecer seus pais:

 “Não querem que ele leia outra coisa além da "Hustler"?  Ele leu "O Estrangeiro" de lição. Não querem que ele seja instruído? O que você acha que é a educação, que é só para ganhar mais dinheiro? Isso é educação”.

Tony, cuja vida está centrada na aquisição de riqueza e poder, certamente considera qualquer currículo educacional que não serve diretamente a esse propósito como insignificante... Nem todo mundo concorda com ele. William Cronon, em seu ensaio de 1998, “'Conectar-se somente: os objetivos de uma educação liberal”, descreve os benefícios de uma educação mais amplamente concebida. 

Apenas conecte-se... Mais do que qualquer outra coisa, ser uma pessoa instruída significa ser capaz de ver conexões que permitem entender o mundo e agir de maneira criativa. Cada uma das qualidades que descrevi aqui - ouvir, ler, falar, escrever, resolver quebra-cabeças, buscar a verdade, enxergar através dos olhos de outras pessoas, liderar, trabalhar em uma comunidade - é, finalmente, sobre conexão. Uma educação liberal é sobre ganhar o poder e a sabedoria, a generosidade e a liberdade de se conectar. "

“Apenas conecte-se.” Se Lívia só compreendesse a importância disso ela estaria preparada para viver uma vida de amor e significado. Como não, Lívia está condenada a uma vida de isolamento e pessimismo, cuja melhor saída é apenas aceitar a falta de sentido. Tony também pode ser condenado a uma vida de niilismo suburbano por causa da influência incapacitante de Lívia sobre ele, assim como sua concepção limitada de educação e seu modo desumano de ganhar a vida pode estragar seu filho.


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Algumas referências do episódio:


Amy relaciona a hierarquia de necessidades de Maslow a Christopher antes de transar com ele.


Ironicamente, o conselho absurdo de Lívia sobre cintos de seguranças será usado no próximo episódio (02x08). Quando os aspirantes a gangster Matt Bevilaqua e Sean Gismonte tentarão matar Christopher. Sean será morto por não conseguir desatar o cinto de segurança rápido o suficiente para escapar das balas de Christopher.


A transformação de Parvati em Janice está bem encaminhada. A irmã de Tony está se apresentando como "Janice" agora e está parecendo cada vez mais com uma dona de casa suburbana:



A morte sempre tem uma presença em The Sopranos, e é literalmente o pano de fundo para a casa de Pussy: sua casa fica ao lado de um cemitério. A onipresença da morte não precisa ser uma coisa angustiante e deprimente. Elizabeth Kubler-Ross (de cuja teoria sobre “os cinco estágios do luto” foi gerado o título do episódio 1x03 "Denial, Anger, Acceptance"/ Negação, Raiva, Aceitação), escreve: “Para aqueles que buscam entendê-la, a morte é uma força altamente criativa. Os valores espirituais mais altos da vida podem se originar do pensamento e estudo da morte ”.